Assisti a um filme bobinho desses com músicas animadas e que já se sabe o final mesmo nos primeiros minutos. Se chama “Destemida”, caso não tenha nada pra fazer e queira ver. Eu vou falar sobre o filme, mas nem se preocupe, porque mesmo sem contar já daria pra adivinhar... Pois bem, uma garota de 16 anos resolve dar uma volta ao mundo num barquinho a vela.
Óbvio que ela enfrenta tempestades e vê baleias e golfinhos mas o que me tocou mesmo foi algo que não imaginei que aconteceria: o vento acabou e o barco parou.
Acabou. Mar reto, lindo, sem uma onda, nada, calmaria total... e foi aí que a menina pirou. Não pirou, mas pirou. Sem ter nada pra fazer ela teve que sentir. Um dia, dois, cinco, sete dias estacionada no meio do oceano sem saber quando raios iam soprar sua vela. É uma merda não saber quando. A menina chorou pela primeira vez.
Sete dias parada dá tempo de chorar e sentir saudade e tédio e arrependimento e de enlouquecer um pouquinho pensando no “quando”. Que dia? Que horas? Quandoooo o vento vai ventar? A dúvida dói, caramba!
O marasmo, o silêncio da calma, o tédio da paz. Um inferno quase. Até que uma noite ela resolve olhar pra onde estava, esqueceu o incômodo e percebeu trilhões de estrelas no mar refletidas do céu. A garota que tinha se arrependido da jornada percebeu o tamanho da beleza ao seu redor e a beleza maior ainda que era ela estar nessa situação porque teve coragem, porque ela foi ser quem ela veio pra ser. No dia seguinte a vela finalmente balançou e continuou seu caminho.
E eu, que não escrevo aqui há meses e estava meio sem jeito de voltar assim como quem não quer nada, de fininho... resolvi minha preocupação com esse filme.
Desliguei a Netflix falando: que mentira, duvido rsrs! Foi baseado em fatos reais mas com muita licença poética eu diria... e com essa mesma licença poética eu voltei a escrever essa carta pra você. Porque foi bem aqui no marasmo sem Natal, sem ano novo, sem carnaval nem provas nem início de aula pra me ocupar que eu olhei pro céu estrelado refletido ao meu redor.
Tem tempestades e tem calmarias o que importa é chegar até aqui, ao final do texto, e finalmente estar de volta!
Feliz 2023! ;)
Um beijo,
Carol
Bem vinda de volta. Feliz 2023 ❤️