O imprevisível traz a surpresa do não esperado. Traz a urgência em resolver um problema rápido, é quase um botão que liga nossa criatividade e nos joga no vazio da criação. Na tela em branco.
- Resolva, aí… depois conversamos! - Diz o Universo quando manda a chuva, a pandemia, o casamento que acaba, a doença que aparece, o pé que torce, o filho doente, o sonho que não realiza, o programado que não acontece, a data que muda, a convidada que falta, a morte que chega. Resolva aí.
A gente resolve. Às vezes resmungando, puta da vida, às vezes curiosa, concentrada, ou tristíssima. Cada vez mais eu sinto que existe um pra quê quando qualquer coisa não acontece como eu queria ou esperava.
Quantas vezes eu tentei controlar o mundo para que ele girasse na medita exata da minha vontade? Primeiro, fiquei chateadíssima quando descobri que eu não ia conseguir, depois me questionei que se talvez, quem sabe, eu tentasse girar na medita do Universo eu teria mais êxito. Tem funcionado. Sempre? "Rá!” Ele riu na minha cara. (E o medo de escrever aqui “SIM, MUDEI BASTANTE” e lá tomar eu uma rasteira daquelas?)
Mas é verdade que eu brinco com os imprevistos. Já faz tempo que eu respondo “não sei” quando me perguntam sobre como vai ser qualquer coisa. Porque não sei mesmo. No meu cotidiano há espaço para o novo sentar e tomar capuccino comigo.
Estou aberta a surpresas e é por isso mesmo que levei um guarda-chuva pra fotografar o aniversário do Daniel no Palmeiras, porque vai que… e choveu. Muito.
Fiquei pra lá e pra cá esperando pelo gol e pensando que ainda bem que meu tênis estava seco porque essas crianças Deus me livre pé molhado. Mas que delícia esse banho de chuva com essa desculpa de jogar futebol a todo custo. Se eu não fosse tão adulta tinha largado a câmera e teria ido ser gandula, só pra abrir a boca e sentir as gotinhas de água.
A fotografia mostra o que na vida real não é palpável. A gente não vê o nó no pingo dágua que a gente faz todos os dias. Eu não consigo medir e nem ver em câmera lenta tudo que resolvo em casa, na rua e no trabalho. Mas na minha fotografia sim. Eu vi. Percebi que o Universo me tirou pra dançar e eu, que não sei dançar a dois, fui. E inacreditavelmente bailamos juntos sem que eu O puxasse pra o meu ritmo.
Foi assim também quando Oto lançou, com seus dedinhos do pé, areia, água do mar e maresia na minha lente eu só tive um pensamento que era: vamos ver no que isso vai dar, em casa eu limpo, tudo bem. E ao invés de brigar com a situação, eu dancei até que a sujeira na lente virasse poesia. E que surpresa linda eu tive! Jamais vou conseguir repetir isso aí porque quem criou foi o acaso, o incidente.
Não sei se você já se sentiu rodopiando pelo salão quando achou que nem dançar você sabia, se sim, é essa minha sensação. Essa carta é um convite para abraçarmos a imperfeição, a mudança, a surpresa!
um beijo! :)
Carol
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Muito bom o seu texto. Vale a reflexão. E assim é a vida 😊
Tenho pensado muito sobre o que vc escreveu… amei o texto!